quinta-feira, 1 de setembro de 2022

OSVADO CÂMARA DE SOUZA

 


OSVADO CÂMARA DE SOUZA -  NATURAL DE NATAL, NASCIDO EM 01 DE ABRIL DE 1904 E FALECEU EM NATAL, NO DIA 20 DE FEVEREIRO DE 1995, PIANISTA, COMPOSITOR,MAESTRO, PESQUISADOR. CONSERVADOR DO PATRIMÔNIO ARTISTICO, PROFESSOR HONORIS CAUSA DA UFRN

FONTE – LIVRO 400 NOMES DE NATAL

POR - JOHN KENNEDY PEREIRA DE CASTRO

OSWALDO DE SOUZA (1904-1995) - Nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, no dia 1º de abril de 1904. Vindo do seio de uma família bem-sucedida e de vínculos políticos, foi favorecido pela oportunidade de sólida educação formal e musical.

Como parte fundamental do entendimento de sua pessoa enquanto músico e consequentemente de sua obra, faz-se necessário contextualizar sua época in loco. Em 1904, Natal vivia o florescer de grande desenvolvimento cultural. Era inaugurado o Teatro Carlos Gomes11 - referência e espaço para o fomento artístico local. Tentativas anteriores já se haviam feito em rústicos armazéns no velho bairro da Ribeira, que recebia grupos locais e eventuais companhias teatrais de fora. Vale salientar que desde a queda do teto do antigo Teatro Santa Cruz, em 17 de abril de 1894, eram aquelas ruas paralelas ao Potengi, o centro da vida artística da cidade com inúmeras companhias de teatro amador. Os gêneros drama e comédia eram apreciados pelas famílias. A vida musical era precária e restrita nos saraus elegantes, onde a atenção se destinava às árias de ópera e romanzas italianas. Um ponto de real importância era o futuro governador Alberto Maranhão ser um desses músicos participantes dos saraus, com sua voz de barítono.

Foi no governo de Alberto Maranhão (1900-1904, primeiro período) que houve grande estímulo e apoio oficial à música local. Neste cenário de inauguração e concertos promovidos pelo governo, trazendo companhias de fora, foi que Oswaldo de Souza teve sua inesquecível experiência com a vigorosa música instrumental, cantos envolventes, beleza de cenários, e também os efeitos executados que ficariam para sempre em sua memória.

Teve como forte exemplo musical sua mãe Dona Dionísia, que sempre lhe tomava total atenção quando, ao piano, interpretava com muito sentimento as valsas de Chopin. Ser criado num lar com tal vivência musical, certamente proporcionou a Oswaldo de Souza a aquisição de uma forte apreciação e sensibilidade musical o fato  Das suas memórias mais marcantes, estão as inúmeras viagens de férias ao interior, às fazendas da família que lhe conduziam a um mundo mais original, cheio de curiosidades, como a viagem feita de trem e a cavalo

Nas férias no engenho Capió, na sua infância, ele tem contato com a expressão do folclore local e suas manifestações como as histórias de trancoso e de assombrações. A figura do velho engenho reportava às épocas da escravidão e o engenho foi inspiração de seu cancioneiro local e tema de canções brasileiras.

Oswaldo de Souza iniciou seus estudos musicais aos dez anos, na escola de Dona Amália Benevides, como um complemento de sua educação doméstica. Desde o início mostrou grande habilidade de audição e memorização que, às vezes, o colocava em desacordo com sua mãe.

Apesar do enfoque musical recebido em sua infância, sua família mantinha em relação a seu futuro a intenção de torná-lo advogado, desejava que fosse “Doutor”. A música era para seus pais apenas um complemento em sua formação intelectual. Isto começa a definir quando sua família retorna da cidade de Areia Branca para a capital, onde frequentou o Colégio Diocesano Santo Antônio (1916-1918), interrompendo seus estudos de música. Em 1918 seus pais voltaram para Natal o que lhe possibilitou retornar para casa e deixar o internato, sendolhe possível estudar piano novamente. Teve como professora D. Ana Cicco e depois de três anos, foi aluno de Cristina Roselli.

Novamente teve seus estudos de piano interrompidos. Desta vez foi para o Recife estudar no Colégio Americano Batista por dois anos. Em 1922 retorna a Natal para os exames preparatórios que o levariam à Faculdade de Direito. Ano marcado por muitas festividades na cidade por ocasião do Centenário da Independência do Brasil. O tio de Oswaldo de Souza, Sr. José de Melo e Souza, era então governador (1920-1924) e coordenador da grande comemoração.

Enquanto se concentrava para os exames preparatórios, Oswaldo de Souza teve aulas de piano com o maestro Luigi Maria Smido, que veio para Natal em 1903 para dirigir a primeira Orquestra do Teatro Carlos Gomes, recebendo as aulas de piano no próprio teatro. Foi com o maestro Luigi que ele apresentou suas pequenas composições durante suas aulas, despertando curiosidade no maestro, considerando sua iniciação nos estudos de música. Suas composições constituíam-se de valsinhas chopinianas, mas de sabor brasileiro, enfatizando o gosto popular.

Foi com o maestro Smido que Oswaldo de Souza adquiriu sólidos conhecimentos musicais que lhe ajudariam mais tarde no vestibular para o Instituto Nacional de Música no Rio de Janeiro, hoje a Escola Nacional de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Já nesta época compôs arranjos de melodias folclóricas e populares, marcando sua personalidade musical e o estilo que se revelaria mais tarde definitivo

Em 1924, presta exame vestibular na área de Direito e, satisfazendo o desejo dos pais, mesmo tendo sido aprovado, vocação para tal ramo não existia. Em meio às felicitações pelo sucesso alcançado, lembrou-se das palavras de sua professora Ana Maria Cicco, descritas por Claudio Galvão: “Eu não tenho mais nada a lhe ensinar de música. Você, que tem tanto jeito, deveria ir estudar no Rio de Janeiro.” (GALVÃO, 1988, p. 26). Entretanto, resignou-se ao estudo do Direito e teve poucas oportunidades com a música enquanto viveu em Recife.

Sua estratégia para estudar música era conseguir a transferência para o Rio de Janeiro, ainda que para cursar Direito. Isto seria um pretexto para acercar-se ao mundo musical e distanciar-se da pressão familiar. No final do ano Oswaldo de Souza pôs em prática sua estratégia. A família se mostrou preocupada ao receber a notícia, contudo não faltaram a Oswaldo de Souza argumentos que justificassem sua decisão e estes acentuavam que o Rio era um centro maior, com melhores oportunidades. Isto veio amenizar a preocupação de seus pais. Em 1925 ele parte para o Rio de Janeiro. Começava assim uma série de mudanças decisivas em sua vida.

No Rio de Janeiro buscou informações acerca do Instituto Nacional de Música, preparando-se para o exame vestibular ao ingresso naquela Instituição. Lorenzo Fernandes e Arnaud Gouveia foram os professores que o prepararam. Contudo não poderia esquivar-se de suas obrigações com a faculdade de Direito que prosseguia pelo ano de 1925. Em janeiro de 1926 prestou exame no Instituto Nacional de Música, tendo sido aprovado para o quinto ano de piano e terceiro de teoria, iniciando, assim sua carreira na música.

Inicia-se, a partir de então, as oportunidades de vivenciar a música através do vínculo com o Instituto Nacional de Música. Entre estas vivências destacam-se as idas ao cinema Odeon; as audições de Ernesto Nazareth ao piano e também o conhecimento de Chiquinha Gonzaga já idosa, ainda atuante. Eram os respeitados nomes da música popular brasileira.

Chegou ao fim do curso de música prestando seu recital de conclusão de curso em 1930. Aberto ao público seu exame final foi na sala Leopoldo Miguêz. Após o fim do curso lhe restava atuar como de professor de piano, instrumento muito em voga. A composição ainda não se fazia clara em seus objetivos musicais. Desde 1927 já atuava como professor particular de piano para jovens senhoritas. Estas, na sua maioria, recebiam aulas como complemento a sua educação.

Teve sua primeira composição “Triste Enlevo”, publicada em 1928 por iniciativa de Luigi Maria Smido, seu antigo professor que residia também no Rio de Janeiro. O período que residiu no Rio de Janeiro (1931-1932) é considerado como primeira fase de suas composições, que demonstram características básicas presentes em todos os seus trabalhos: profunda vinculação ao sentimento musical brasileiro e nordestino em especial. “Suas canções são geralmente, nascidas de três fontes: o próprio compositor, outros poetas ou adaptação de quadrinhas populares” (GALVÃO, 1988, p. 38).

As quadrinhas vindas da tradição oral merecem destaque particular. Foram ouvidas por Oswaldo de Souza em Natal e no interior do Rio Grande do Norte, cantadas ou recitadas por familiares, velhas mucamas, cantadores sertanejos. Outras foram colhidas de publicações ou em cordéis, comuns no interior nordestino. A inspiração nordestina configura a influência telúrica presente em seu trabalho, o alvo de suas composições. Nota-se claramente a vinculação ao ambiente geográfico de sua infância e adolescência. Neste período acontecem as primeiras gravações de suas canções, apresentando as situações reais e as características do geofísico da região, além das observações e vivências que busca traduzir musicalmente com um tom de fidelidade ao sentimento sertanejo e que:

Ainda no Rio de Janeiro, Oswaldo de Souza atuou como professor de música e compositor, esta nova atividade o colocou em contato com muitos artistas da época, Pascoal Carlos Magno, Murilo Carvalho e Alma Cunha e, um dos mais prestigiados intérpretes da canção brasileira: Jorge Fernandes, este um dos primeiros a gravar composições de Oswaldo de Souza. Foi neste período que ele teve oportunidade de conhecer o também músico e compositor Waldemar Henrique, vindo do Pará. Suas obras apresentavam grande afinidade musical, diferenciadas, no entanto pelas regiões geográficas a que cada um pertencia. Formava-se naquele momento uma sólida amizade. Tinham a mesma fonte de inspiração. Ao ouvir as peças de Oswaldo de Souza, Waldemar Henrique insistiu na necessidade de divulgação para o grande público, considerando a possibilidade de agradar e vencer.

Retorna a Natal em 1934 para rever amigos e fazer as pazes os pais, amenizando suas frustrações pela desistência da carreira de Direito. No fim deste mesmo ano, a família de Cícero de Souza se muda para o Rio de Janeiro com os dois filhos, Otávio e Oswaldo. O primeiro estudaria medicina enquanto o segundo retornava as suas atividades e contatos deixados ali.

Em 1938 recebe de Waldemar Henrique um pedido que o substituísse em alguns programas radiofônicos que fazia na rádio Tupi, era a oportunidade para a divulgação de suas peças musicais.

Nestes programas teve como intérprete a cantora Mara Ferraz, irmã de Waldemar Henrique. Outra oportunidade foi em 1937, no programa intitulado “Hora do Brasil”, ainda na interpretação de Mara Ferraz, juntamente com outros artistas famosos da época, como Stelinha Egg, Dorival Caymmi e Maria Sylvia Pinto. Recebeu ainda forte incentivo de Waldemar Henrique para apresentar-se em programa inteiramente seu, enfrentando grande público e a severa crítica de então. Diante de tal incentivo, Oswaldo de Souza programa seu primeiro recital. Em 28 de novembro de 1939 na voz de Mara Ferraz, intérprete já consagrada, foi apresentado o recital com casa cheia e muitos em pé.

Em 1940 foi a vez de visitar o ambiente musical de São Paulo. Ali teve contato com a Villa Embu, região bastante ligada à área rural, onde Oswaldo de Souza manteve contato com um rico manancial do folclore paulista. Conheceu, neste tempo, o cantor Marino Gouveia com quem realizaria recitais pelo interior de São Paulo e Bahia. Oswaldo de Souza foi convidado pelo Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo para realizar pesquisas de músicas folclóricas destinadas ao documentário chamado “Festa e Tradições da Villa Embu”. Este trabalho de coleta de canções foi adaptado para Orquestra Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo. Este foi verdadeiramente o primeiro trabalho do compositor na área da pesquisa folclórica. Neste período recolheu três danças rurais: “Chimarrête”, “Manjericão” e “Quero Bem” que mais tarde harmonizou.

Em 1941 apresentou outro recital de grande sucesso na capital mineira. É de F. Abbat, no jornal “A República” de Belo Horizonte (MG) o seguinte comentário ao recital de Mara Ferraz e Oswaldo de Souza:

Logo em seguida receberam outro convite para mais um recital, ainda em companhia de Mara Ferraz como sua intérprete. Desta oportunidade Oswaldo de Souza recebeu um convite para visitar a cidade de Diamantina, para conhecer o folclore local, onde recolheu modinhas tradicionais

Um novo trabalho surgia em São Paulo: cuidar, a serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, do Convento e Igreja dos Jesuítas, ali mesmo na Villa Embu. Como zelador do belo monumento arquitetônico, Oswaldo de Souza tinha planos que iriam dinamizar seu trabalho. Com este novo emprego conseguiu a independência econômica em relação aos pais, o que era uma segurança. O trabalho estava vinculado às artes plásticas e pouco tempo havia para música, esta agora ficava relegada ao tempo de folga.

Surgiu logo a ideia de formar ali, um museu de arte. Com um grande acervo imagens, após limpeza e organização, veio à ideia de exposição aberta ao público que foi realizada com grande apreço e receptividade pelo povo local e autoridades.

Poucas foram as atividades musicais neste período. O convento demandava muito tempo com a manutenção e conservação, com as quais Oswaldo de Souza dedicava-se intensamente. Em 1944 teve oportunidade de realizar uma tournée por algumas cidades do nordeste de São Paulo na companhia do cantor Marino Gouveia. Foi uma experiência de elevado grau de receptividade do público daquelas cidades para com a sua música.

Em 1948, parte para a Bahia, onde se apresentou no Palácio da Aclamação e depois em outras cidades baianas. O trabalho de Oswaldo na Bahia despertou grande interesse por parte do secretário de educação e saúde, professor Anísio Teixeira, que logo em seguida fez uma proposta de realizar, pelo governo da Bahia, uma pesquisa semelhante às feitas por Oswaldo de Souza no Rio Grande do Norte, São Paulo e Minas Gerais, só que, desta vez teria apoio financeiro do Estado.

Oswaldo de início ficou em conflito com a decisão a ser tomada, pois tinha já programado alguns recitais em três países da América Latina, juntamente com o cantor Marino Gouveia. Toda publicidade já tinha começado e, desapontando amigos e seu intérprete, Oswaldo de Souza decide ir para o interior da Bahia no segundo semestre de 1948, onde ele permaneceria três anos e cinco meses. O trabalho de coleta começaria pelo sertão, região rica do folclore local. De início Oswaldo encontrou dificuldades e incompreensões por parte do superintendente de educação musical da Secretaria de Educação e Saúde do Estado, o americano Marshall Lewins. O trabalho foi realizado em forma de expedição e, quase veio à banca rota, por intervenções incoerentes do então, superintendente, mister Marshall, que revelava desconhecimento do projeto empreendido e também não deixaria valer as indicações de Oswaldo de Souza.

Diante da frustração da primeira tentativa da pesquisa, interrompida por incidentes causados por má administração da parte do Mr. Marshall foi cancelada a expedição e afastado o superintendente, responsável pelos fiascos anteriores.

Tudo parecia perdido antes mesmo de começar, contudo Oswaldo de Souza, a contragosto, assumia como superintendente interino. A verba para o projeto acabara, restando, então, recorrer para a esposa do governador, Dona Ester Mangabeira, que interviria como elo entre o pesquisador e o governador. O esquema funcionou. O professor Anísio Teixeira chama Oswaldo de Souza em gabinete e libera o dinheiro para retornar a pesquisa. Apesar do pouco dinheiro Oswaldo de Souza não desanimou, tinha suas habilidades musicais, que lhe permitiria escrever tudo na hora, já que todo aparato da primeira investida se tinha perdido

A pesquisa começou em dois de agosto de 1949, em Bom Jesus da Lapa, cidade Limítrofe com todos aqueles sertões. Bom Jesus da Lapa reunia em sua festa tradicional romeiros e negociantes de muitos rincões, segundo Claudio Galvão, ali se ouvia

Oswaldo de Souza trabalhou incansavelmente no levantamento de material, copiando o maior número possível de expressões do folclore musical da região. Após a festa, em Bom Jesus da Lapa, ele seguiu pelo rio São Francisco em um velho “gaiola”12 de rodas. Ao voltar, Oswaldo de Souza pegou uma barca abarrotada de rapaduras e em seguida pediu ao mestre da barca que os remeiros contratados fossem os melhores cantadores de toadas. Com isto, aproveitaria o longo percurso para colher material. Segundo Cláudio Galvão, um fato inusitado marcou muito este trabalho de coleta de material:

Foi uma ação muito criativa e oportuna, possibilitando uma rica coleta daqueles cânticos. Em outra cidade chamada Ibotirama, na fazenda Coqueiro Velho, Oswaldo de Souza por um dia e uma noite ouviu e anotou longos romances. Após noventa dias, ele chegou a Juazeiro, ponto final da sua pesquisa. Dali iria de trem para Salvador, com sua preciosa bagagem. Foram dez meses de trabalho para por em ordem todo o material coletado. Foi a experiência mais gratificante que teve em toda sua vida. Após a prestação de contas da verba, Oswaldo de Souza voltou a São Paulo plenamente recompensado.

Algo novo aconteceu em sua vida, o casamento com Lourdes Friedrich de França em abril de 1952. Em São Paulo, ainda neste período de retorno da Bahia, Oswaldo de Souza realizou outros trabalhos de restauração como, a Fazenda Santo Antônio em São Roque, São Paulo. Seu nome foi indicado para o programa que focalizava música brasileira; o mesmo era promovido pelo grupo de Televisão Record e patrocinada pela Companhia Rhodia. O programa se chamou Retrato Musical do Brasil. De alta qualidade, obteve grande popularidade. Além da música folclórica original, o programa apresentava também uma parte de música erudita brasileira.

Retornando para o Rio de Janeiro, aí fixa uma breve residência e pode voltar aos poucos para suas atividades de compositor. Também trabalha na harmonização de melodias folclóricas anteriormente recolhidas.

Foi através do amigo Humberto Dias que, Oswaldo de Souza seria indicado para o trabalho de inventário e tombamento do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Norte.

Após 28 anos de ausência, Oswaldo de Souza e sua esposa partem par uma nova etapa. Toda sua coleção de arte sacra que ele recolhera, a leva consigo para sua terra potiguar.

Uma das mais difíceis tarefas como representante do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional foi o deslocamento do Marco Histórico, deixado no Cabo de São Roque, para o interior do Forte dos Reis Magos em Natal. Este episódio tardou nove anos a ser concretizado, isto devido a inúmeros incidentes provocados pela população local que, muito hesitou em deixar que o levassem daquele povoado. O único monumento tombado antes da chegada de Oswaldo de Souza era o Forte dos Reis Magos, coube a ele levantar e tombar o Patrimônio Artístico e Cultural do Rio grande do Norte, tarefa esta que ele realizou com muito empenho e competência

O trabalho que tinha no SPHAN limitou um pouco seu tempo para a música. A aposentadoria, no entanto, chega em 1974. Durante este período Oswaldo de Souza obteve reconhecimento e recebeu distinções de honra ao mérito, uma delas foi a de sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte. De São Paulo recebeu medalha e diploma pelos serviços prestados na área da música, da pesquisa musical e também pela sua atuação em benefício do Patrimônio Histórico daquele Estado. A 22 de outubro de 1968, Oswaldo de Souza assumia a cadeira de nº 25 da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras. Recebeu título da Sociedade Brasileira de Folclore e foi nomeado pelo Estado do Rio Grande do Norte como Componente do Conselho Estadual de Cultura. Foi também diretor do Museu de História da Fundação José Augusto. Realizou exposições de arte sacra e de rendas e labirintos do Rio Grande do Norte em diversos estados do Brasil. Aposentado, Oswaldo de Souza guardou vigor, saúde física e mental que, a partir desta situação, possibilitaria dedicar sua vida à música.

Sua obra, por mais de cinquenta anos, manteve uma linha de coerência com a sua proposta inicial, que foi a valorização das raízes do folclore brasileiro que lhe forneceu a fonte de inspiração constante e que:

Do seu trabalho, de alto nível, concebido com qualidade técnica e formal, podemos afirmar que este consegue traduzir sentimentos, linguagens e estrutura da música do Nordeste. Oswaldo de Souza soube com eloquente respeito, dar realce aos elementos que lhe serviram de fonte inspiradora para toda sua obra.

OSVADO CÂMARA DE SOUZA

  OSVADO CÂMARA DE SOUZA -   NATURAL DE NATAL, NASCIDO EM 01 DE ABRIL DE 1904 E FALECEU EM NATAL, NO DIA 20 DE FEVEREIRO DE 1995, PIANISTA, ...