OSVADO CÂMARA DE SOUZA - NATURAL DE NATAL, NASCIDO EM 01 DE ABRIL DE 1904 E FALECEU EM NATAL, NO DIA 20 DE FEVEREIRO DE 1995, PIANISTA, COMPOSITOR,MAESTRO, PESQUISADOR. CONSERVADOR DO PATRIMÔNIO ARTISTICO, PROFESSOR HONORIS CAUSA DA UFRN
FONTE – LIVRO 400 NOMES DE NATAL
POR - JOHN
KENNEDY PEREIRA DE CASTRO
OSWALDO DE SOUZA (1904-1995) - Nasceu em Natal, Rio Grande do
Norte, no dia 1º de abril de 1904. Vindo do seio de uma família bem-sucedida e
de vínculos políticos, foi favorecido pela oportunidade de sólida educação formal
e musical.
Como parte fundamental do entendimento de sua pessoa enquanto
músico e consequentemente de sua obra, faz-se necessário contextualizar sua
época in loco. Em 1904, Natal vivia o florescer de grande desenvolvimento
cultural. Era inaugurado o Teatro Carlos Gomes11 - referência e espaço para o
fomento artístico local. Tentativas anteriores já se haviam feito em rústicos
armazéns no velho bairro da Ribeira, que recebia grupos locais e eventuais
companhias teatrais de fora. Vale salientar que desde a queda do teto do antigo
Teatro Santa Cruz, em 17 de abril de 1894, eram aquelas ruas paralelas ao
Potengi, o centro da vida artística da cidade com inúmeras companhias de teatro
amador. Os gêneros drama e comédia eram apreciados pelas famílias. A vida
musical era precária e restrita nos saraus elegantes, onde a atenção se
destinava às árias de ópera e romanzas italianas. Um ponto de real importância
era o futuro governador Alberto Maranhão ser um desses músicos participantes
dos saraus, com sua voz de barítono.
Foi no governo de Alberto Maranhão (1900-1904, primeiro
período) que houve grande estímulo e apoio oficial à música local. Neste
cenário de inauguração e concertos promovidos pelo governo, trazendo companhias
de fora, foi que Oswaldo de Souza teve sua inesquecível experiência com a
vigorosa música instrumental, cantos envolventes, beleza de cenários, e também
os efeitos executados que ficariam para sempre em sua memória.
Teve como forte exemplo musical sua mãe Dona Dionísia, que
sempre lhe tomava total atenção quando, ao piano, interpretava com muito
sentimento as valsas de Chopin. Ser criado num lar com tal vivência musical,
certamente proporcionou a Oswaldo de Souza a aquisição de uma forte apreciação
e sensibilidade musical o fato Das suas
memórias mais marcantes, estão as inúmeras viagens de férias ao interior, às
fazendas da família que lhe conduziam a um mundo mais original, cheio de
curiosidades, como a viagem feita de trem e a cavalo
Nas férias no engenho Capió, na sua infância, ele tem contato
com a expressão do folclore local e suas manifestações como as histórias de
trancoso e de assombrações. A figura do velho engenho reportava às épocas da
escravidão e o engenho foi inspiração de seu cancioneiro local e tema de
canções brasileiras.
Oswaldo de Souza iniciou seus estudos musicais aos dez anos,
na escola de Dona Amália Benevides, como um complemento de sua educação
doméstica. Desde o início mostrou grande habilidade de audição e memorização
que, às vezes, o colocava em desacordo com sua mãe.
Apesar do enfoque musical recebido em sua infância, sua
família mantinha em relação a seu futuro a intenção de torná-lo advogado,
desejava que fosse “Doutor”. A música era para seus pais apenas um complemento
em sua formação intelectual. Isto começa a definir quando sua família retorna
da cidade de Areia Branca para a capital, onde frequentou o Colégio Diocesano
Santo Antônio (1916-1918), interrompendo seus estudos de música. Em 1918 seus
pais voltaram para Natal o que lhe possibilitou retornar para casa e deixar o
internato, sendolhe possível estudar piano novamente. Teve como professora D.
Ana Cicco e depois de três anos, foi aluno de Cristina Roselli.
Novamente teve seus estudos de piano interrompidos. Desta vez
foi para o Recife estudar no Colégio Americano Batista por dois anos. Em 1922
retorna a Natal para os exames preparatórios que o levariam à Faculdade de
Direito. Ano marcado por muitas festividades na cidade por ocasião do
Centenário da Independência do Brasil. O tio de Oswaldo de Souza, Sr. José de
Melo e Souza, era então governador (1920-1924) e coordenador da grande
comemoração.
Enquanto se concentrava para os exames preparatórios, Oswaldo
de Souza teve aulas de piano com o maestro Luigi Maria Smido, que veio para
Natal em 1903 para dirigir a primeira Orquestra do Teatro Carlos Gomes,
recebendo as aulas de piano no próprio teatro. Foi com o maestro Luigi que ele
apresentou suas pequenas composições durante suas aulas, despertando
curiosidade no maestro, considerando sua iniciação nos estudos de música. Suas
composições constituíam-se de valsinhas chopinianas, mas de sabor brasileiro,
enfatizando o gosto popular.
Foi com o maestro Smido que Oswaldo de Souza adquiriu sólidos
conhecimentos musicais que lhe ajudariam mais tarde no vestibular para o Instituto
Nacional de Música no Rio de Janeiro, hoje a Escola Nacional de Música da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Já nesta época compôs arranjos
de melodias folclóricas e populares, marcando sua personalidade musical e o
estilo que se revelaria mais tarde definitivo
Em 1924, presta exame vestibular na área de Direito e,
satisfazendo o desejo dos pais, mesmo tendo sido aprovado, vocação para tal
ramo não existia. Em meio às felicitações pelo sucesso alcançado, lembrou-se
das palavras de sua professora Ana Maria Cicco, descritas por Claudio Galvão:
“Eu não tenho mais nada a lhe ensinar de música. Você, que tem tanto jeito,
deveria ir estudar no Rio de Janeiro.” (GALVÃO, 1988, p. 26). Entretanto,
resignou-se ao estudo do Direito e teve poucas oportunidades com a música
enquanto viveu em Recife.
Sua estratégia para estudar música era conseguir a
transferência para o Rio de Janeiro, ainda que para cursar Direito. Isto seria
um pretexto para acercar-se ao mundo musical e distanciar-se da pressão familiar.
No final do ano Oswaldo de Souza pôs em prática sua estratégia. A família se
mostrou preocupada ao receber a notícia, contudo não faltaram a Oswaldo de
Souza argumentos que justificassem sua decisão e estes acentuavam que o Rio era
um centro maior, com melhores oportunidades. Isto veio amenizar a preocupação
de seus pais. Em 1925 ele parte para o Rio de Janeiro. Começava assim uma série
de mudanças decisivas em sua vida.
No Rio de Janeiro buscou informações acerca do Instituto
Nacional de Música, preparando-se para o exame vestibular ao ingresso naquela
Instituição. Lorenzo Fernandes e Arnaud Gouveia foram os professores que o
prepararam. Contudo não poderia esquivar-se de suas obrigações com a faculdade
de Direito que prosseguia pelo ano de 1925. Em janeiro de 1926 prestou exame no
Instituto Nacional de Música, tendo sido aprovado para o quinto ano de piano e
terceiro de teoria, iniciando, assim sua carreira na música.
Inicia-se, a partir de então, as oportunidades de vivenciar a
música através do vínculo com o Instituto Nacional de Música. Entre estas
vivências destacam-se as idas ao cinema Odeon; as audições de Ernesto Nazareth
ao piano e também o conhecimento de Chiquinha Gonzaga já idosa, ainda atuante.
Eram os respeitados nomes da música popular brasileira.
Chegou ao fim do curso de música prestando seu recital de
conclusão de curso em 1930. Aberto ao público seu exame final foi na sala
Leopoldo Miguêz. Após o fim do curso lhe restava atuar como de professor de
piano, instrumento muito em voga. A composição ainda não se fazia clara em seus
objetivos musicais. Desde 1927 já atuava como professor particular de piano
para jovens senhoritas. Estas, na sua maioria, recebiam aulas como complemento
a sua educação.
Teve sua primeira composição “Triste Enlevo”, publicada em
1928 por iniciativa de Luigi Maria Smido, seu antigo professor que residia
também no Rio de Janeiro. O período que residiu no Rio de Janeiro (1931-1932) é
considerado como primeira fase de suas composições, que demonstram
características básicas presentes em todos os seus trabalhos: profunda
vinculação ao sentimento musical brasileiro e nordestino em especial. “Suas
canções são geralmente, nascidas de três fontes: o próprio compositor, outros
poetas ou adaptação de quadrinhas populares” (GALVÃO, 1988, p. 38).
As quadrinhas vindas da tradição oral merecem destaque
particular. Foram ouvidas por Oswaldo de Souza em Natal e no interior do Rio
Grande do Norte, cantadas ou recitadas por familiares, velhas mucamas,
cantadores sertanejos. Outras foram colhidas de publicações ou em cordéis,
comuns no interior nordestino. A inspiração nordestina configura a influência
telúrica presente em seu trabalho, o alvo de suas composições. Nota-se
claramente a vinculação ao ambiente geográfico de sua infância e adolescência.
Neste período acontecem as primeiras gravações de suas canções, apresentando as
situações reais e as características do geofísico da região, além das
observações e vivências que busca traduzir musicalmente com um tom de
fidelidade ao sentimento sertanejo e que:
Ainda no Rio de Janeiro, Oswaldo de Souza atuou como
professor de música e compositor, esta nova atividade o colocou em contato com
muitos artistas da época, Pascoal Carlos Magno, Murilo Carvalho e Alma Cunha e,
um dos mais prestigiados intérpretes da canção brasileira: Jorge Fernandes,
este um dos primeiros a gravar composições de Oswaldo de Souza. Foi neste
período que ele teve oportunidade de conhecer o também músico e compositor
Waldemar Henrique, vindo do Pará. Suas obras apresentavam grande afinidade
musical, diferenciadas, no entanto pelas regiões geográficas a que cada um
pertencia. Formava-se naquele momento uma sólida amizade. Tinham a mesma fonte
de inspiração. Ao ouvir as peças de Oswaldo de Souza, Waldemar Henrique
insistiu na necessidade de divulgação para o grande público, considerando a
possibilidade de agradar e vencer.
Retorna a Natal em 1934 para rever amigos e fazer as pazes os
pais, amenizando suas frustrações pela desistência da carreira de Direito. No
fim deste mesmo ano, a família de Cícero de Souza se muda para o Rio de Janeiro
com os dois filhos, Otávio e Oswaldo. O primeiro estudaria medicina enquanto o
segundo retornava as suas atividades e contatos deixados ali.
Em 1938 recebe de Waldemar Henrique um pedido que o
substituísse em alguns programas radiofônicos que fazia na rádio Tupi, era a
oportunidade para a divulgação de suas peças musicais.
Nestes programas teve como intérprete a cantora Mara Ferraz,
irmã de Waldemar Henrique. Outra oportunidade foi em 1937, no programa
intitulado “Hora do Brasil”, ainda na interpretação de Mara Ferraz, juntamente
com outros artistas famosos da época, como Stelinha Egg, Dorival Caymmi e Maria
Sylvia Pinto. Recebeu ainda forte incentivo de Waldemar Henrique para
apresentar-se em programa inteiramente seu, enfrentando grande público e a
severa crítica de então. Diante de tal incentivo, Oswaldo de Souza programa seu
primeiro recital. Em 28 de novembro de 1939 na voz de Mara Ferraz, intérprete
já consagrada, foi apresentado o recital com casa cheia e muitos em pé.
Em 1940 foi a vez de visitar o ambiente musical de São Paulo.
Ali teve contato com a Villa Embu, região bastante ligada à área rural, onde
Oswaldo de Souza manteve contato com um rico manancial do folclore paulista.
Conheceu, neste tempo, o cantor Marino Gouveia com quem realizaria recitais
pelo interior de São Paulo e Bahia. Oswaldo de Souza foi convidado pelo
Departamento de Imprensa e Propaganda de São Paulo para realizar pesquisas de
músicas folclóricas destinadas ao documentário chamado “Festa e Tradições da
Villa Embu”. Este trabalho de coleta de canções foi adaptado para Orquestra
Sinfônica do Teatro Municipal de São Paulo. Este foi verdadeiramente o primeiro
trabalho do compositor na área da pesquisa folclórica. Neste período recolheu
três danças rurais: “Chimarrête”, “Manjericão” e “Quero Bem” que mais tarde
harmonizou.
Em 1941 apresentou outro recital de grande sucesso na capital
mineira. É de F. Abbat, no jornal “A República” de Belo Horizonte (MG) o
seguinte comentário ao recital de Mara Ferraz e Oswaldo de Souza:
Logo em seguida receberam outro convite para mais um recital,
ainda em companhia de Mara Ferraz como sua intérprete. Desta oportunidade
Oswaldo de Souza recebeu um convite para visitar a cidade de Diamantina, para
conhecer o folclore local, onde recolheu modinhas tradicionais
Um novo trabalho surgia em São Paulo: cuidar, a serviço do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – SPHAN, do Convento e Igreja dos
Jesuítas, ali mesmo na Villa Embu. Como zelador do belo monumento
arquitetônico, Oswaldo de Souza tinha planos que iriam dinamizar seu trabalho.
Com este novo emprego conseguiu a independência econômica em relação aos pais,
o que era uma segurança. O trabalho estava vinculado às artes plásticas e pouco
tempo havia para música, esta agora ficava relegada ao tempo de folga.
Surgiu logo a ideia de formar ali, um museu de arte. Com um
grande acervo imagens, após limpeza e organização, veio à ideia de exposição
aberta ao público que foi realizada com grande apreço e receptividade pelo povo
local e autoridades.
Poucas foram as atividades musicais neste período. O convento
demandava muito tempo com a manutenção e conservação, com as quais Oswaldo de
Souza dedicava-se intensamente. Em 1944 teve oportunidade de realizar uma
tournée por algumas cidades do nordeste de São Paulo na companhia do cantor
Marino Gouveia. Foi uma experiência de elevado grau de receptividade do público
daquelas cidades para com a sua música.
Em 1948, parte para a Bahia, onde se apresentou no Palácio da
Aclamação e depois em outras cidades baianas. O trabalho de Oswaldo na Bahia
despertou grande interesse por parte do secretário de educação e saúde,
professor Anísio Teixeira, que logo em seguida fez uma proposta de realizar,
pelo governo da Bahia, uma pesquisa semelhante às feitas por Oswaldo de Souza
no Rio Grande do Norte, São Paulo e Minas Gerais, só que, desta vez teria apoio
financeiro do Estado.
Oswaldo de início ficou em conflito com a decisão a ser
tomada, pois tinha já programado alguns recitais em três países da América
Latina, juntamente com o cantor Marino Gouveia. Toda publicidade já tinha
começado e, desapontando amigos e seu intérprete, Oswaldo de Souza decide ir
para o interior da Bahia no segundo semestre de 1948, onde ele permaneceria
três anos e cinco meses. O trabalho de coleta começaria pelo sertão, região
rica do folclore local. De início Oswaldo encontrou dificuldades e
incompreensões por parte do superintendente de educação musical da Secretaria
de Educação e Saúde do Estado, o americano Marshall Lewins. O trabalho foi
realizado em forma de expedição e, quase veio à banca rota, por intervenções
incoerentes do então, superintendente, mister Marshall, que revelava
desconhecimento do projeto empreendido e também não deixaria valer as
indicações de Oswaldo de Souza.
Diante da frustração da primeira tentativa da pesquisa,
interrompida por incidentes causados por má administração da parte do Mr.
Marshall foi cancelada a expedição e afastado o superintendente, responsável
pelos fiascos anteriores.
Tudo parecia perdido antes mesmo de começar, contudo Oswaldo
de Souza, a contragosto, assumia como superintendente interino. A verba para o
projeto acabara, restando, então, recorrer para a esposa do governador, Dona
Ester Mangabeira, que interviria como elo entre o pesquisador e o governador. O
esquema funcionou. O professor Anísio Teixeira chama Oswaldo de Souza em
gabinete e libera o dinheiro para retornar a pesquisa. Apesar do pouco dinheiro
Oswaldo de Souza não desanimou, tinha suas habilidades musicais, que lhe
permitiria escrever tudo na hora, já que todo aparato da primeira investida se
tinha perdido
A pesquisa começou em dois de agosto de 1949, em Bom Jesus da
Lapa, cidade Limítrofe com todos aqueles sertões. Bom Jesus da Lapa reunia em
sua festa tradicional romeiros e negociantes de muitos rincões, segundo Claudio
Galvão, ali se ouvia
Oswaldo de Souza trabalhou incansavelmente no levantamento de
material, copiando o maior número possível de expressões do folclore musical da
região. Após a festa, em Bom Jesus da Lapa, ele seguiu pelo rio São Francisco
em um velho “gaiola”12 de rodas. Ao voltar, Oswaldo de Souza pegou uma barca
abarrotada de rapaduras e em seguida pediu ao mestre da barca que os remeiros
contratados fossem os melhores cantadores de toadas. Com isto, aproveitaria o
longo percurso para colher material. Segundo Cláudio Galvão, um fato inusitado
marcou muito este trabalho de coleta de material:
Foi uma ação muito criativa e oportuna, possibilitando uma
rica coleta daqueles cânticos. Em outra cidade chamada Ibotirama, na fazenda
Coqueiro Velho, Oswaldo de Souza por um dia e uma noite ouviu e anotou longos
romances. Após noventa dias, ele chegou a Juazeiro, ponto final da sua
pesquisa. Dali iria de trem para Salvador, com sua preciosa bagagem. Foram dez
meses de trabalho para por em ordem todo o material coletado. Foi a experiência
mais gratificante que teve em toda sua vida. Após a prestação de contas da
verba, Oswaldo de Souza voltou a São Paulo plenamente recompensado.
Algo novo aconteceu em sua vida, o casamento com Lourdes
Friedrich de França em abril de 1952. Em São Paulo, ainda neste período de
retorno da Bahia, Oswaldo de Souza realizou outros trabalhos de restauração
como, a Fazenda Santo Antônio em São Roque, São Paulo. Seu nome foi indicado
para o programa que focalizava música brasileira; o mesmo era promovido pelo
grupo de Televisão Record e patrocinada pela Companhia Rhodia. O programa se
chamou Retrato Musical do Brasil. De alta qualidade, obteve grande popularidade.
Além da música folclórica original, o programa apresentava também uma parte de
música erudita brasileira.
Retornando para o Rio de Janeiro, aí fixa uma breve
residência e pode voltar aos poucos para suas atividades de compositor. Também
trabalha na harmonização de melodias folclóricas anteriormente recolhidas.
Foi através do amigo Humberto Dias que, Oswaldo de Souza
seria indicado para o trabalho de inventário e tombamento do Patrimônio
Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Norte.
Após 28 anos de ausência, Oswaldo de Souza e sua esposa
partem par uma nova etapa. Toda sua coleção de arte sacra que ele recolhera, a
leva consigo para sua terra potiguar.
Uma das mais difíceis tarefas como representante do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional foi o deslocamento do Marco
Histórico, deixado no Cabo de São Roque, para o interior do Forte dos Reis
Magos em Natal. Este episódio tardou nove anos a ser concretizado, isto devido
a inúmeros incidentes provocados pela população local que, muito hesitou em
deixar que o levassem daquele povoado. O único monumento tombado antes da
chegada de Oswaldo de Souza era o Forte dos Reis Magos, coube a ele levantar e
tombar o Patrimônio Artístico e Cultural do Rio grande do Norte, tarefa esta
que ele realizou com muito empenho e competência
O trabalho que tinha no SPHAN limitou um pouco seu tempo para
a música. A aposentadoria, no entanto, chega em 1974. Durante este período
Oswaldo de Souza obteve reconhecimento e recebeu distinções de honra ao mérito,
uma delas foi a de sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio
Grande do Norte. De São Paulo recebeu medalha e diploma pelos serviços
prestados na área da música, da pesquisa musical e também pela sua atuação em
benefício do Patrimônio Histórico daquele Estado. A 22 de outubro de 1968,
Oswaldo de Souza assumia a cadeira de nº 25 da Academia Norte-Rio-Grandense de
Letras. Recebeu título da Sociedade Brasileira de Folclore e foi nomeado pelo
Estado do Rio Grande do Norte como Componente do Conselho Estadual de Cultura.
Foi também diretor do Museu de História da Fundação José Augusto. Realizou
exposições de arte sacra e de rendas e labirintos do Rio Grande do Norte em
diversos estados do Brasil. Aposentado, Oswaldo de Souza guardou vigor, saúde
física e mental que, a partir desta situação, possibilitaria dedicar sua vida à
música.
Sua obra, por mais de cinquenta anos, manteve uma linha de
coerência com a sua proposta inicial, que foi a valorização das raízes do
folclore brasileiro que lhe forneceu a fonte de inspiração constante e que:
Do seu trabalho, de alto nível, concebido com qualidade
técnica e formal, podemos afirmar que este consegue traduzir sentimentos,
linguagens e estrutura da música do Nordeste. Oswaldo de Souza soube com
eloquente respeito, dar realce aos elementos que lhe serviram de fonte
inspiradora para toda sua obra.